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Transtorno de dependência da internet

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Monografia resumo - Instituto Abuchaim - Marconi Oliveira Fernandes

TRANSTORNO DE DEPENDÊNCIA DA INTERNET:

 UMA REVISÃO

 

RESUMO

 

Esta monografia aborda, através de uma revisão bibliográfica de estudos atuais, o transtorno relacionado à dependência da internet e o rumo que está se tomando com a evolução da internet como meio de comunicação. Considera-se que a internet é uma das maiores invenções do homem moderno, que este está cada vez mais ligado a ela, no trabalho, na escola, em casa e que um dos principais atrativos na internet é a quantidade de informações que ela coloca a disposição do internauta, ligando-o, em questão de segundos, com o resto do mundo. Em face da informatização, e de seu crescimento em ritmo exponencial torna-se necessário observar de forma crítica e reflexiva, esse novo meio de comunicação e interação nas relações pessoais. O objetivo deste trabalho é oferecer uma visão abrangente, desde como surgiu a internet, quais as principais causas dessa dependência, quais as possíveis co-morbidades, quais tratamentos oferecidos e como classifica-se esse transtorno atualmente.

 

 

 

 

 

 

 

1. INTRODUÇÃO

 

Para que possamos introduzir o tema sobre dependência em internet, devemos refletir sobre a definição de dependência. A partir do século XIX se começou a delinear o conceito de dependência. Anteriormente, o uso exagerado de álcool, por exemplo, não estava associado a uma perda de controle, a um desejo compulsivo de seu uso ou mesmo como um desvio patológico, mas como uma opção do indivíduo. Somente no século passado, a dependência começou a ser associada a um transtorno da mente. Benjamin Rush, adicionou ao conceito de dependência a presença de um transtorno na vontade do indivíduo. É neste período que se transforma o conceito de dependência, aliado a um início de uso não patológico de álcool evoluindo para a dependência. (BERRIDGE, 1994)

No inicio do século XX, era comum o uso de cocaína e estimulantes por pessoas que pertenciam às camadas mais abastadas da sociedade para obtenção de prazer, maior disposição física (em festas e reuniões e para estudar durante à noite). Com as drogas estimulantes do tipo anfetaminas e cocaína, também pudemos notar uma mudança entre o conceito de uso por opção para uso patológico. No final da segunda guerra, estas drogas eram oferecidas aos soldados para que suportassem com maior vigor o cansaço, a frustração da derrota e  o desânimo. O uso de tais estimulantes e cocaina deixou de ser um objeto de status social e passou a ser mais acessível as camadas menos privilegiadas. A partir desta data (1960-70), o uso destas substâncias passou a ser reconhecido como um problema de saúde. (RAZZOUK, 1998)

Em 1969, um grupo de militares americanos conseguiu pôr em prática um antigo projeto: criaram uma rede de computadores que, interligados, seriam utilizados para troca de informações durante a Guerra Fria. Essa rede recebeu posteriormente o nome de Internet, e com o passar dos anos sua função foi se modificando. Hoje é usada para comunicação e interligação de pessoas e informações pelo mundo todo. As possibilidades desta comunicação, bem como o número de usuários que usufruem deste serviço, crescem em ritmo acelerado. (MORAES, 2005)

 O serviço que mais chama atenção, por ser um dos mais utilizados, são os famosos programas de “Chat” ou bate-papo. Através deste serviço, as pessoas do mundo inteiro conversam em tempo real, trocando idéias, problemas e sentimentos (PRADO, 1998).

 A Internet é uma grande invenção do homem moderno, serve de elo para ligar em instantes uma extremidade do mundo a outra. Vários serviços que antes eram trabalhosos e cansativos se tornam ágeis, podendo ser executado no conforto do próprio lar. (MORAES, 2006)

Porém a Internet também tem seu lado perigoso. Até a pouco tempo atrás a internet só aparecia na literatura médica por relatar a Síndrome do Túnel do Carpo, uma inflamação causada pelo excesso de digitação. (MORAES, 2006)

Apesar de não acreditar que fosse uma patologia real em meados dos anos noventa, Dr. Ivan Goldberg foi possivelmente o primeiro a usar o termo Desordem de Adição à Internet (DAÍ), (FORLENZA, 2007) com intuito de definir como uma categoria diagnóstica, caracterizada por um uso compulsivo e patológico de internet, este mesmo autor propõe um conjunto de critérios para o diagnostico, baseados nos mesmos critérios diagnósticos de abusos de substâncias. (MORAES, 2006)

Recentemente, o uso excessivo da Internet começou a aparecer com o termo “dependência”, num contexto diagnosticável. Chega a ser paradoxal que um sistema de comunicação que revoluciona os negócios, ampliando o provimento de informação e colocando em contato as pessoas dos quatro cantos do planeta, possa ser associado a uma patologia. (MORAES, 2006)

Young, logo após estabelece uma série de critérios para diagnosticar a Dependência de Internet. Leciona que a adição à internet é uma dificuldade no controle de seu uso, que corresponde à dificuldade no controle dos impulsos, e que se manifesta como um conjunto de sintomas cognitivos e de conduta. Tais sintomas são conseqüentes ao uso excessivo da internet, o que pode acabar gerando uma distorção de seus objetivos pessoais, familiares e profissionais. (MORAES, 2006)

 

2. MÉTODOS E OBJETIVOS

 

Esta monografia foi resultado de uma revisão de literatura em Medline e Lilacs, dos últimos dez anos, utilizando os seguintes termos de busca: Transtorn, dependence, internet, tecnology. Além destes, foi consultada literatura especializada e referências de artigos selecionados.

Os objetivos desta monografia são: fazer uma revisão sobre a história do transtorno de dependência da Internet; oferecer uma visão abrangente que permita ter uma postura crítica em face da influência da informatização nas relações humanas; compreender o limite entre o uso patológico e sadio; estudar a epidemiologia dessa doença; comorbidades e terapêutica na atualidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3. EPIDEMIOLOGIA

 

Em um estudo de uma população universitária, notou-se que 13% dos universitários usam a internet no critério que ela define por dependência da internet. Nessa pesquisa com 531 estudantes em uma grande universidade publica, 72% dos dependentes da Internet eram homens. Scherer também notou que uma porcentagem muito pequena dos usuários da Internet via o seu uso on-line tendo um impacto negativo em suas vidas. (SCHERER, 1997).

Estudos avaliando índices de co-morbidez entre OCD e o uso da Internet C-I relataram estimativas variando de 10% a 20% para OCD da vida e de até 15% para OCD atual em pacientes viciados na Internet.  Mais investigações sobre a epidemiologia desta desordem são necessárias para esclarecer a escala e características demográficas do uso da Internet C-I. (DELL’OSSO, 2006)

Muitos vêem o fantástico crescimento da Internet como seu ponto mais valioso. Dados de 1999 revelam que 36% da população americana, algo como 97 milhões de pessoas, tem acessado a internet regularmente. A taxa de crescimento da internet, de qualquer forma, “caiu” para 46% ao ano. O aparente infinito crescimento da internet não se deu totalmente sem controvérsia. Evidências sugerem que, problemas relacionados à internet, como molestamento, perseguição e pornografia se tornam cada vez mais freqüentes. (ANDERSON, 2001).

O uso problemático da internet foi relatado em qualquer idade, nível social, educacional e econômico. Contudo, enquanto estudos anteriores tendem a estereotipar o paciente clássico dependente da internet como um jovem introvertido, investigações recentes mostraram índices elevados desta desordem em mulheres, como resultado da facilidade de acesso à internet. A prevalência da desordem C-I do uso da internet não é conhecida. A maioria dos estudos que relataram este estado foi conduzida em pequenas amostras. Além do mais, as pessoas inscritas, muitas vezes, tinham diagnósticos psiquiátricos co-mórbidos. Num estudo recente, Shapira e colegas descobriram que todos os sujeitos com o uso problemático da internet também atendiam aos critérios DSM-IV para ICD-NOS. (DELL’OSSO, 2006)

Por ter sido o termo adição à internet muito recente, ainda existe desacordo quanto à definição dessa nova forma de comportamento dependente e à porcentagem da população que seria refém dessa dinâmica, mesmo entre aqueles que consideram o abuso da internet um transtorno distinto e com características específicas. (ABREU, 2008)

Em estudo feito na Coréia do Sul, em 1999, a prevalência de uso da internet na população geral era de 22,4 %; em 2002, essa taxa subiu para 58%, ou seja, são contabilizados cerca de 25,65 milhões de usuários pesados. Já nos Estados Unidos, a proporção de casas com acesso à rede aumentou, de forma significativa, de 26,2 %, em 1998, para a metade da população total do país em 2002, elevando conseqüentemente o número de internautas abusivos. Em um estudo de 1997, mostrou-se que, em apenas três meses, houve uma expansão de 5 milhões de novos usuários nos Estados Unidos (de 56 milhões para 61 milhões). Com base em estudos sobre álcool e jogos, nos quais 5 a 10% dos usuários ficam dependentes, concluiu-se que o número de adictos à internet era de aproximadamente 5 milhões. Na Tailândia, 6% dos estudantes são dependentes. (ABREU, 2008)

No Brasil, dados do IBOPE/NetRatings (maio de 2007) mostram que os internautas brasileiros consolidaram sua posição como a população que mais navega no mundo. Em países como Estados Unidos, França e Japão gastam-se cerca de 18 horas mensais em conexão doméstica. Dados do IBOPE de janeiro de 2007 mostram que o total de usuários ativos de internet residencial, no Brasil, já chega a 14,03 milhões de pessoas. Desse total, 52,65% são do sexo masculino e 47,35% do sexo feminino. (ABREU, 2008)

Em outro estudo, conduzido por Young (1998), o uso médio relatado pelos usuários pesados foi de 4 à 10 horas por dia durante a semana, aumentando para 10 à 14 horas nos fins de semana. Isso representa algo em torno de 40 à 78 horas por semana de uso abusivo de internet, sem qualquer finalidade acadêmica ou laboral, mas apenas uma navegação virtual. A média de uso semanal daqueles que preencheram os critérios para dependência foi de 38 horas. No estudo, 54% apresentavam uma história prévia de depressão, outros 34% sofriam de transtorno de ansiedade e outros, ainda, de auto-estima cronicamente baixa. Entre os indivíduos que responderam à pesquisa, 52% admitiram seguir algum programa de recuperação para alcoolismo, dependência química, jogo compulsivo ou transtorno de alimentação. (ABREU, 2008)

Feito outro estudo na Coréia em Kaoshiung City e Condado de Taiwan. Foram selecionados para a avaliação 3 de 33 escolas de 2º grau e 7 de 20 escolas profissionais. As escolas selecionadas incluíram 5, 3, e 2 escolas de áreas urbanas, suburbanas e rurais, respectivamente. Duas turmas foram selecionadas de cada série nas 10 escolas. Um total de 2114 estudantes (1204 masculinos e 910 femininos) foi recrutado. A média de idade era de 16 à 26 anos. Todos os estudantes selecionados foram convidados a preencher a medida anonimamente após informarem o consentimento; 388 participantes (17.9%) do estudo foram classificados no grupo de dependentes da Internet. Viu-se neste estudo que adolescentes com dependência da Internet foram mais os do sexo masculino, com graus de formação mais altos e que usam a Internet mais de 20 horas/semana e tem hábitos de jogar online. (YEN, 2007)

Foi feito estudo para saber qual uso mais freqüente dos adictos à internet. Este estudo mostrou o seguinte resultado: Jogar games online (42%) é a atividade mais freqüente dos dependentes em internet, seguido do chat online (30.3%), baixar programas (5.3%), email (2.1%) e de webs de sexo adulto (0.9%). (YEN, 2007)

Pesquisa realizada pelo site MSNBC nos Estados Unidos, com quase 40 mil internautas mostrou que 10% deles confessam ser dependentes em sites relacionados a sexo, e existe hoje na web cerca de 260 milhões de endereços sobre o assunto. Para os pesquisadores, é considerado um dependente em cybersexo, quem passa mais de 11 horas por semana procurando por esse tipo de material. (MORAES, 2006)

Para estimar dados epidemiológicos mais precisos, seriam necessários critérios claros e consensuais; entretanto, dado o pouco tempo decorrido desde o aparecimento da internet no mundo e do transtorno a ela associado, esse procedimento ainda não é possível. (ABREU, 2008)

Assim, seguindo uma estimativa geral, acredita-se que 10% de todos os usuários desenvolvam uma relação de dependência ou de patologia com a internet em algum momento de suas vidas. O perfil descrito na literatura como o mais provável para se tornar dependente é o daquele usuário “recente”, ou seja, o que navega há menos de um ano e meio. Usuários mais experientes teriam, supostamente, menos chances de se tornar dependentes (o que, no entanto, não os exclui do risco). Young e Rodgers (1998), em outra pesquisa, relataram que 25% dos entrevistados disseram que tinham se tornado dependentes de internet cerca de seis meses após seu primeiro contato, 58% entre seis meses e um ano de uso e 17% após seu primeiro ano de utilização. (ABREU, 2008)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4. ETIOPATOGENIA

 

Os mecanismos neurofisiológicos e outras alterações associadas ao uso abusivo da internet ainda não foram esclarecidos, pois essa é uma entidade que recentemente está sendo estudada. Até mesmo a própria classificação dessa em manuais não está ainda bem definida. Não existe uma evidência que relacione essa dependência a algum transtorno neurológico específico ou a alguma via de neurotransmissão definida. (ABREU, 2008)

Prado (1998) apresenta fatores considerados psicologicamente importantes para o uso da internet e são relacionados com o uso patológico de internet, apresentados a seguir:

a) Anonimato - Ao se conectar na internet, um sujeito pode livremente navegar por entre as páginas da web permanecendo anônimo.

b) Segurança - Um sujeito pode se expressar livremente na internet sendo que praticamente nenhuma conseqüência acontecerá na vida deste em decorrência do que foi dito.

c) Facilidade de uso e acesso - A maioria dos softwares de comunicação de uso pessoal é desenvolvida visando à interatividade, tais características podem promover tendências de dependência ao promover realidades alternativas aos usuários.

d) Suporte Social – É formado na base de um grupo de usuários que se engajam numa Comunicação Medida pelo Computador (CMC). A formação dos grupos cria um suporte social que responde a necessidades das pessoas, que estão com problemas de relacionamentos interpessoais causados muitas vezes por auto-estima rebaixada e timidez.

e) Satisfação Social - Fantasias sexuais podem ser exercitadas quando romances sexuais acontecem em salas de Chat com títulos como sexo, lésbicas, namoro, gays e outros, são criados para encorajar os usuários a se engajarem explicitamente num Chat erótico. Young (1996) percebeu a CMC para o cybersexo, como uma forma segura de satisfazer os desejos sexuais estando livre de contaminação por doenças sexualmente transmissíveis.

f) Personalidade Virtual – A CMC possibilita a criação de um papel, alterando características físicas, idade, raça, sexo e outras. Segundo Young (1996) a criação de um apelido, pessoas se permitindo transformar mentalmente numa nova pessoa on-line.

g) Reconhecimento e Poder - Os dependentes desejam se tornar mais fortes em seus personagens, o que leva ao reconhecimento de ser um líder poderoso entre os jogadores. Enquanto este tipo de comportamento pode prover aos usuários uma saída segura para satisfação de necessidades psicológicas inadequadas, a absorção mental deste novo personagem tem um papel negativo na vida real interpessoal e familiar. (MORAES, 2006)

Diferente das dependências químicas, nas quais se consegue determinar os efeitos primários das substâncias, tanto no comportamento, como no funcionamento orgânico cerebral, as dependências não-químicas (comportamentais) têm como maior probabilidade de ter como elementos causais, fatores da própria vivência do indivíduo e da dinâmica da personalidade. Nessa dependência não existe um elemento psicoativo externo a ser introduzido. Acredita-se que essa entidade está ligada a estados emocionais específicos que se revelam nessa forma de se relacionar com o computador. (ABREU, 2008)

A internet, assim, proporciona uma gratificação imediata, uma experiência prazerosa que, pode reforçar determinados comportamentos e necessidades não supridas no mundo real. (BALLONE, 2003)

A falta de interação física na internet exerce importante influência na identidade das pessoas que se comunicam, como o rompimento das relações amorosas, porque, para o dependente, só faz sentido a vida no mundo virtual. A internet funciona como uma extensão do mundo psíquico do individuo, um lugar onde a comunicação escrita (as limitações técnicas ainda não permitem a generalização das videoconferências nos chats) estimula os processos psicológicos de projeção e transferência (mecanismos de defesa). No anonimato das conversas on-line qualquer pessoa é capaz de não apenas expressar seus desejos e fantasias com uma liberdade que jamais teria no mundo real, como também de projetar com mais intensidade no outro suas aspirações, ansiedades e receios. O teclado aceita e o medo de rejeição praticamente desaparece, em razão da possibilidade de sair de cena a qualquer momento, sem deixar qualquer pista sobre sua própria identidade. A internet, assim, proporciona uma gratificação imediata, uma experiência prazerosa que, pode reforçar determinadas necessidades não supridas no mundo real (BALLONE, 2003).

A cada download de uma foto sexualmente orientada, na interatividade de um Chat, no momento de abrir um e-mail esperado, no jogo virtual ou mesmo no barulho eletrizante da conexão, são produzidas no cérebro descargas elétricas entre os neurônios, induzidas por um neurotransmissor chamado dopamina. A dopamina é uma substância que o cérebro libera normalmente quando uma pessoa faz sexo, come ou bebe, quanto mais dopamina maior sensação de prazer. (MORAES, 2005)

Os estudos têm demonstrado que há um transtorno do controle dos impulsos em pacientes com dependência à Internet. Pesquisas revelam intensa relação com transtorno do Eixo I do DSM-IV e transtorno bipolar do humor. “Os autores concluem que o uso problemático da internet pode estar correlacionado a angústia subjetiva, prejuízo funcional e transtornos psiquiátricos do Eixo I”. (ABREU, 2008)

Estudos em usuários adolescentes identificaram “ideação suicida e depressão, aumento da depressão, relacionamentos empobrecidos com amigos, sensibilidade no contato com pessoas, baixa auto-eficácia, auto-avaliação negativa, ansiedade social e dependência de substâncias”. (ABREU, 2008)

Como transtorno psíquico, devemos lembrar sempre do impacto que a dependência à Internet traz aos pacientes, tanto nos aspectos de sofrimento interno como ao dano social, familiar e laboral. (ABREU, 2008). A Tabela 01 oferece uma sinopse das tentativas de entendimento advindas de diferentes escolas teóricas.

 

 

 

 

Tabela 01 - Aportes Teóricos de Entendimento  (Abreu, 2008):

 

 

 

1 - Psicanálise

 

1.1. Fixação na fase oral, pré-edípica;

1.2. Consumo de drogas tendo relação ao consumo de alimentos (leite materno), refletindo o conflito mãe-bebê.

1.3. Em relação à internet tem-se a introjeção simbólica de um elemento externo (informação, contato interpessoal, reconhecimento, etc.).

 

 

 

2 - Terapia Cognitiva

 

2.1. Postula que a dependência tem relação ao sentimento de falta de apoio familiar e social, com desenvolvimento de cognições mal adaptativas, tentando explicar segundo duas possibilidades:

2.1.1. O uso patológico específico, onde o abuso estaria diretamente relacionado ao que é consumido (sites pornográficos, jogos, compras, etc.);

2.1.2. O uso patológico generalizado, onde o abuso estaria em “navegar” na internet, sem rumo específico, por horas e sem domínio do tempo.

 

 

 

3 - Concepção Fenomenológica

 

3.1. Não desenvolvimento ou perda da capacidade de lidar com situações desagradáveis ou perda da capacidade de obter satisfação na vida. Nesse contexto, acaba fazendo uso de estratégias limitadas para dar conta desse empobrecimento. O objeto de sua dependência acaba sendo o meio de contato com o mundo externo. O dependente usa a internet não apenas para o fim a que ela se destina, mas para compensar as frustrações da vida, principalmente as dificuldades relacionais.

 

 

 

4 - Psicodrama

 

4.1. Explica a dependência como uma incapacidade de autonomia que permita resolver seus conflitos individualmente.  O dependente acaba recorrendo a um elemento externo simbólico para resolver seus problemas, o que o leva a frustrações na maioria das vezes. Esse comportamento decorreria de um desenvolvimento pessoal conturbado ou incompleto. A droga ou o comportamento adquire uma “função delegada” sempre que se deparar com um fator desafiador, onde não possua recursos para resolver.

5. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS

 

Para haver a caracterização da dependência na internet, a quantidade de horas de utilização de internet considerada como normal é ainda motivo de discussão na literatura. O uso de mais de 38 à 40 horas/semana ou 5 à 6 horas/dia constitui um início de dependência, embora, alguns autores tenham relatado o mesmo padrão de dependência em indivíduos que usam a Internet de 8 à 11 horas por semana. Alguns autores estudiosos no assunto como Razzouk em 2002 e Grohol em 1997, afirmam que apenas o número de horas não é uma variável adequada para se determinar a presença ou não de dependência, na medida em que o relato é obtido a partir do próprio usuário que, muitas vezes, não é fidedigno. Além disso, pessoas com padrão de uso patológico podem utilizar menos horas do que o acima mencionado e ainda assim, apresentarem as conseqüências negativas deste uso. (MORAES, 2006).

Young (1997) leciona que a dependência a internet é uma dificuldade no controle de seu uso, que corresponde à dificuldade no controle dos impulsos, e que se manifesta como um conjunto de sintomas que representam sinais claros de alarme sobre este tipo de transtorno. Os critérios de Young estão listados na Tabela 02. Pioneira neste campo de pesquisa, Young (1996) sugere uma escala para se ter critérios para diferenciar os dependentes dos não dependentes. Nesta escala ela faz perguntas padronizadas de avaliação, fazendo oito perguntas objetivas nesta escala, se das oito perguntas cinco respostas forem sim ou mais questões apresentadas o paciente é considerado como “dependente”. A escala de caracterização de dependência de internet de Young apresentada na seqüência vai em anexo: (Anexo 1) (MORAES, 2006)

Muito parecido com os alcoólatras que mentem a respeito de sua dependência, os dependentes em internet mentem sobre o tempo despendido on-line ou escondem as contas relacionadas ao serviço da internet. (PRADO, 1998)

 

 

 

Tabela 02 – Critérios de Young (Moraes, 2006):

1. Incapacidade de controlar o uso da internet;

2. Necessidade de se conectar mais vezes;

3. Acessar a rede para fugir dos problemas ou para melhorar o estado de ânimo;

4. Pensar na internet quando se esta off-line;

5. Sentir agitação ou irritação ao tentar restringir o uso;

6. Descuidar do trabalho, dos estudos ou até mesmo dos relacionamentos pessoais por causa da rede;

7. Sofrer pela abstinência;

8. Mentir sobre a quantidade de horas que passa conectado e/ou permanecer muito mais tempo que o previsto;

9. Usar a internet como maneira de evadir-se dos problemas ou ocultar algum mal estar, como sentimento de impotência, culpa, ansiedade, depressão

10. Sofrer perdas de alguma relação significativa;

11. Esforçar-se repetitivamente de maneira infrutífera para controlar, reduzir ou deter o uso de internet.

 

De acordo com Young (1996), estes critérios levam a um questionamento em relação ao padrão de personalidade e de relacionamento social e afetivo, o quanto, um indivíduo com dificuldades em diversas esferas, usa de um instrumento como a internet para minimizar o que não consegue superar sozinho. Como as drogas químicas, a dependência de internet também esta relacionado à sensação de prazer físico que ela produz. (MORAES, 2005)

A dependência de internet mantém esse mesmo padrão fisiológico, criando uma dependência naqueles pequenos momentos de prazer. A internet propicia uma rapidez muito grande nas atividades interativas aumentando a chance de dependência. (MORAES, 2005)

Até agora, não há uma definição diagnóstica conclusiva para o dependência da internet. Instrumentos diagnósticos têm sido desenvolvidos por Young. Contudo, não há evidência empírica, como a sensibilidade ou especificidade, que proporcione apoio aos conteúdos ou pontos de corte para essa ferramenta. (YEN, 2007)

Além de Young houve também um importante estudo de Ko Chih-Hung que propôs critérios diagnósticos para a dependência de internet, baseados em estudo empírico de entrevista diagnóstica. Os critérios de Chih-Hung são subdivididos em Critério A, que é preenchido com 6 dos 9 sintomas característicos da adição à internet (Anexo 2); Critério B, que descreve o dano secundário para o uso da internet; e Critério C, que lista os critérios de exclusão (YEN, 2007).

Estes critérios diagnósticos tiveram boa precisão funcional, alta especificidade e sensibilidade e puderam discriminar entre aqueles indivíduos com diferentes problemas no uso da internet. (YEN, 2007)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

6. COMORBIDADES

 

A internet é um dos meios mais acessíveis do mundo. Adolescentes são obrigados a aprender sobre ela por razões acadêmicas e de recreação, contudo, o vício da internet tem resultado em impacto negativo sobre a performance acadêmica, relações familiares e emoções nos adolescentes. Este fenômeno tem sido definido como dependência de internet e diz-se estar associado à depressão e ADHD. Contudo “Conforme Shaffer, citado por YEN em 2007”, tem argumentado que ainda não existe validade suficiente de construto para estabelecê-la como desordem primária e é melhor explicada por outras desordens primárias. Porque a co-morbidez das 2 desordens podem indicar a relação causal ou etiologia comum compartilhada por elas, a avaliação de sintomas psiquiátricos co-mórbidos de dependência da internet poderia revelar que sintomas psiquiátricos estão associados com o desenvolvimento ou manutenção da adição à internet, e lançam luz sobre o mecanismo de dependência da internet. (YEN, 2007)

Muitas alterações psiquiátricas são descritas, como sintomas depressivos, desordens de sono e privação social. (PRATARELLI, 1999)

A dependência da internet desenvolvida durante a adolescência pode impedir os adolescentes de realizar as tarefas de desenvolvimento psico-social. (KO, 2005). Foi feito um estudo que constatou que adolescentes com dependência na internet tinham risco maior de uso de substâncias ilícitas. (KO, 2006)

Uso de drogas concomitante é achado comum entre dependentes de internet. (FORLENZA, 2007)

Tem estudo que viu que a desordem depressiva tem sido associada a dependência da Internet. Nesse estudo os resultados demonstraram que adolescentes com adição à Internet tiveram níveis depressivos mais altos. (YEN, 2007)

Apesar das relações causais entre o dependência da Internet em sintomas ADHD e depressão serem inconclusivos, Há um estudo que demonstra que adolescentes com adição à Internet tiveram sintomas mais elevados de ADHD e depressão. (YEN, 2007)

A ADHD é uma das desordens psiquiátricas mais comuns diagnosticada em 3% a 5% das crianças. A ADHD tem sido associada ao dependência da internet entre crianças. Além disso, adolescentes que jogam mais games de console e de vídeo tiveram sintomas ADHD mais elevados. (YEN, 2007)

Foi revelado por um estudo de adolescentes que tinham dependência da internet que estes tiveram níveis mais altos de hostilidade. Relatou-se que a hostilidade prevê estilos de enfrentamento, para evitar a fuga, e uso de substâncias provocado por qualquer coisa inclusive estados emocionais e de tensão. Para adolescentes, hostilidade mais elevada leva a conflito interpessoal e rejeição. Porque as substâncias são menos disponíveis a eles, a internet poderia oferecer um mundo virtual para escapar do estresse no mundo real. Por outro lado, de acordo com o modelo social de identidade, o auto-monitoramento baixo em comunicação por meio do computador pode resultar em comportamentos hostis, desinibidos na Internet. Contudo, se este comportamento agressivo será expresso na vida real não se sabe ainda. (YEN , 2007)

Este comportamento agressivo descrito anteriormente foi encontrado como previsível para futuro uso pesado de substâncias entre os masculinos, mas não entre os femininos. A diferença de sexo foi também encontrada na associação entre hostilidade e dependência da Internet no presente estudo. Porque a alta hostilidade entre adolescentes com dependência da Internet pode se manifestar em raiva e resistência às limitações do uso da internet. (YEN , 2007)

A fobia social tem sido positivamente associada com o uso da internet nos adolescentes, entretanto a associação entre a fobia social e a dependência da internet não tem sido abordada por avaliações empírica da comunidade em adolescentes. Além disso, notou-se que a hostilidade esteve associada a dependência de substância em adolescentes. Até agora sua associação com adição à internet não tem sido avaliada. (YEN , 2007)

Relatou-se que a dependência da Internet e ADHD foi mais prevalente no sexo masculino e a fobia social e depressão em femininos. Contudo, se houve ou não uma diferença de sexo nesta associação é desconhecida. É essencial avaliar a diferença de sexo desta associação porque seria importante para desenvolver estratégias preventivas e específicas para os sexos masculino e femininos para a dependência de Internet. (YEN , 2007)

Além disso, em um estudo sobre o estresse físico em 104 sujeitos que eram dependentes de internet e 45 reconheceram problemas físicos devido a seus hábitos de conexão, incluindo visão escurecida, distúrbios do sono, desorientação espacial, síndrome do túnel do carpo, mudança de hábitos alimentares e, algumas vezes, a combinação deles. 47% têm algum tipo de estresse físico como conseqüência de suas conexões. (PRADO, 1998)

Conforme mostram os estudos, os jogos online é uma das atividades que mais causa dependência da internet. Em estudo em Taiwan verificou-se que o uso excessivo de jogos online pode causar uma série de resultados negativos, como o impacto negativo sobre a performance acadêmica, maior ansiedade, deteriorização da relação interpessoal, fuga da realidade, violência e crime na juventude. Portanto, o vício de jogos online é uma matéria de grande preocupação que exige mais exploração. (WAN, 2006)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

7. CLASSIFICAÇÃO SOB O PONTO DE VISTA DIAGNÓSTICO

 

Até o presente momento não temos uma estrutura diagnóstica formalizada, com critérios definidos. A tendência atual nos remete a uma futura classificação dentro dos transtornos do controle dos impulsos. Segue-se o trabalho nesse sentido, com muitas questões a serem respondidas, entre elas, se para essa entidade é possível formular critérios diagnósticos claros e definidos ou estaria essa pertencendo a outro transtorno psíquico. Dentre tantas controvérsias, acredita-se na hipótese dessa entidade ser um tipo de transtorno de descontrole dos impulsos, onde o indivíduo experimenta “uma forte e crescente tensão ou uma estimulação prévia ao comportamento, seguidos por alivio ou prazer após o ato, que, por sua vez, pode ocasionar sentimentos de angústia ou culpa”. (ABREU, 2008)

Desde o começo dos anos 90, alguns pesquisadores sugeriram que as ICDs podem ser conceituadas como parte de um espectro obsessivo compulsivo baseado em suas características clínicas, transmissão familiar e respostas às intervenções de tratamento farmacológico e psicossocial. (DELL’OSSO, 2006)

Por mais de uma década de estudos científicos tem-se pensado em elaborar o DSM-V considerando duas mudanças importantes: 1) separar a OCD das desordens de ansiedade e colocá-la numa categoria autônoma – as desordens do espectro obsessivo compulsivo (OCSD); 2) criar várias desordens novas autônomas daquelas atualmente classificadas sob as ICDs não especificadas (ICD-NOS), especificamente incluindo 4 novas desordens impulsivas compulsiva (C-I): desordem de uso da Internet, comportamentos sexuais (C-I), picar a pele (C-I) e compras (C-I). (DELL’OSSO, 2006)

São chamadas desordens compulsiva-impulsivas, devido às características impulsivas (excitamento), que iniciam o comportamento, e às compulsivas, que fazem os comportamentos persistirem com o tempo. (DELL’OSSO, 2006)

As ICDs são caracterizadas por comportamentos repetitivos e inibição danificada destes comportamentos, conforme observa-se na tabela abaixo:

Tabela 03 – Comportamentos das ICDs (DELL’OSSO, 2006):

1. A falha em resistir a um impulso a uma ação prejudicial ao individuo ou aos outros;

2. Um elevado senso de excitamento ou tensão antes de cometer o ato ou se engajar nele;

3. Uma experiência seja de prazer, gratificação ou alívio de tensão na hora de cometer o ato.

 

O desenvolvimento de classificações operacionais como o DSM-IV categoriza  a dependência a substâncias (como álcool e outras drogas) como um transtorno psiquiátrico do eixo I. Dessa forma, define critérios diagnósticos relacionados a um comportamento mal adaptativo em que o indivíduo produz distúrbios no plano social, psicológico e físico. Um dos critérios diagnósticos determinante desta categoria é a presença dos chamados sintomas de abstinência (decorrentes da interrupção do uso da susbstância) e o desenvolvimento da tolerância, ou seja, da necessidade de consumir uma quantidade cada vez maior para se obter o mesmo efeito anteriormente alcançado. (RAZZOUK , 1998)

Ainda que, no DSM IV não observemos uma categoria isolada para o uso patológico de internet,  devemos ficar atentos quanto à formulação de novas categorias diagnósticas associadas a "novos" comportamentos patológicos e seus sintomas. O primeiro a designar o termo dependência de Internet foi Ivan Goldberg em 1996, para definir como uma categoria diagnóstica caracterizada por um uso compulsivo e patológico da internet e, mais recentemente este mesmo autor propôs a mudança de termo para uso patológico de computador. King (1996) propôs o transtorno do uso patológico de computador como categoria diagnóstica para aqueles indivíduos em que o uso excessivo de computador cause um prejuízo em seu funcionamento físico, psicológico, interpessoal, conjugal, econômico e social. (RAZZOUK, 1998)

Young (1996) relata que a maneira clínica de se definir dependência em internet é compará-la a outros critérios de dependências estabelecidos. Porém, esse termo não aparecia na versão mais recente do DSM IV. A autora então escolheu o critério de dependência de substância, pois está perto de um modelo global de dependência. (PRADO, 1998)

Diferentemente dos outros, Egger (1996) diferencia uso problemático ou abuso da dependência: Abuso: A pessoa "precisa usar", onde existe um crescente envolvimento de maneira compulsiva; conseqüências não controláveis ocorrem, mas não obstante o abuso continua; Dependência: A pessoa "não pode parar de usar"; subjugando o envolvimento com uma substância ou comportamento que é levado compulsivamente para o cotidiano. Dia a dia as rotinas ou padrões de vida são rompidos com o uso, com uma garantia de provisão e com uma grande tendência a recair após a conclusão da retira. (PRADO, 1998)

Segundo Egger, não existe um modelo geral para dependência. Existem sim, três modelos diferentes que descrevem a dependência. O modelo de doença, que enfoca o dependência como uma enfermidade, o modelo adaptativo, que olha como uma maneira de lidar com a substância ou comportamento e o modelo maneira-de-viver, que enfatiza estilos de vida e papéis. (PRADO, 1998)

Brenner (1997), utilizou em seu estudo o critério de abuso de substância, DSM IV adaptado, enfocando desde falha na tentativa de limitação de tempo on-line até isolamento social relacionado ao computador. (PRADO, 1998)

O diagnóstico formal é freqüentemente complicado, dado o fato de não existir um critério aceito de dependência, muito menos de dependência na Internet listado no DSM IV. Usando o DSM IV como modelo, a adição à Internet pode ser definido como uma desordem de controle de impulsos que não envolve uma substância tóxica. Então, Young (1996) desenvolveu o questionário breve de oito itens com um critério modificado de jogo patológico para prover um instrumento filtrante para o uso da dependência da Internet. (PRADO, 1998)

Young além de ser a pioneira neste campo de estudo, continuou a estudá-lo e a desenvolver seus recursos. Em vista disso, escolheu-se adotar no DSM-IV o critério de jogo patológico adaptado de Young, pois o objetivo do estudo não é a verificação teórica de dependência da Internet, mas sim usar um instrumento para verificar se o uso da Internet está trazendo problemas para o indivíduo e suas relações, além de descrever os hábitos de conexão e formas de comunicação com outras pessoas. (PRADO, 1998)

O DSM-IV não reconhece adições tecnológicas ou a computadores e internet. Se a adição a computadores e internet será incluída em edições futuras como um diagnóstico legitimo, está em aberto a especulação, e na verdade dependerá da observação consistente de  um grupo de comportamentos que  possam ser operacionalmente definidos e confiavelmente medidos. (PRATARELLI, 1999)

Se a adição a computador e internet não pode ser isolada como um perfil comportamental único e um diagnóstico em separado da tecnologia, que é o foco da obsessão compulsão ou dependência, ele provavelmente irá existir como uma manifestação secundária ou única de um transtorno compulsivo-obsessivo. (PRATARELLI, 1999)

Portanto, como o transtorno de dependência da internet se trata de uma entidade recente, e provavelmente ainda ocorreram mudanças futuras conforme descrito nos estudos acima, ainda carece de mais estudos. Atualmente, na CID-10 classifica-se como transtornos dos hábitos e impulsos não especificados (F63.9), já na DSM-IV classifica-se como transtorno do controle dos impulsos sem outra especificação (312.30). Para um melhor entendimento podemos observar no anexo 4 (CID-10) e anexo 5 (DSM-IV).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

8. TRATAMENTO

 

A internet, por ser um meio de comunicação em ascensão, ainda não se tem muito definido no que tange ao tratamento; porém, já foram feitos estudos sobre o assunto. Alguns estudos nos mostram que a dependência da internet é considerada uma ICD e que esta deve ser tratada como se fosse uma OCD. (DELL’OSSO, 2006).

As opções de tratamento dos ICDs incluem farmacoterapia e psicoterapia. Durante a última década, mais pesquisas foram feitas sobre diferentes tratamentos farmacológicos dos ICDs; contudo, pesquisas sistemáticas sobre tratamento clínico de certas patologias (PG, IED e compras C-I) ainda estão faltando. Além disso, uma questão crucial a ser levada em conta ao considerar a farmacoterapia para pacientes com ICDs é a co-morbidade, como desordens afetivas e outros tipos de dependência.

Estudos recentes de neuroimagem e de genética aumentaram o entendimento das características biológicas e neuroanatômicas das ICDs, apoiaram o modelo do espectro OC e sugeriram outros modelos. (DELL’OSSO, 2006)

Além disso, opções farmacológicas se expandiram baseadas em pesquisas recentes. O uso de inibidores da recaptação de serotonina (SRIs) apoia o modelo do espectro OC, mas recentes pesquisas demonstrando a eficácia de diferentes intervenções farmacológicas sugerem que sistemas adicionais estão envolvidos e outros modelos podem ser úteis. Por exemplo, a eficácia de determinadas farmacoterapias agindo sobre diferentes sistemas de neuromediadores (antagonistas narcóticos, estabilizadores do humor, inibidores de dopamina), nos faz considerar outros modelos teóricos para as ICDs. Isso torna claro que é importante ver as ICDs  a partir de diferentes perspectivas teóricas e que se pode levantar novas questões em pesquisa. (DELL’OSSO, 2006)

Como há duvida quanto à etiologia da dependência da Internet, isso nos remete a opções diferentes de abordagens terapêuticas. Se considerarmos essa patologia como um transtorno disfuncional, em vez de uma doença psiquiátrica bem definida com alteração neurofuncional propriamente dita, teremos como opção terapêutica uma abordagem farmacológica mais sintomática, com objetivo de manejo comportamental e facilitador de uma psicoterapia. Os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina podem ter algum papel nesse tratamento, visto que são usados em outras patologias não-químicas com algum sucesso. Dados mais específicos quanto a essa abordagem como doses, momento de iniciar a terapia farmacológica, quais medicações, entre outras, ainda são questões a serem definidas. (ABREU, 2008)

Quadros depressivos, geralmente se desenvolvem com desânimo, anergia, ideação pessimista e retração social. Ao comprometerem o desempenho das atividades profissionais, sociais e interpessoais de rotina, podem predispor o indivíduo a permanecer conectado com mais freqüência à internet, por esta ser uma atividade que lhe exige menos esforço para ocupar seu tempo e distrair-se de seu estado. Transtornos de ansiedade, como transtorno de pânico, agorafobia e fobia social, também dificultam ou mesmo impedem o desempenho efetivo de atividades no contexto externo concreto, podendo levar o paciente a encontrar na rede uma forma empobrecida, ou mesmo exagerada, de se ocupar ou de estabelecer vínculos que, por serem virtuais, causem menos ansiedade. (ABREU, 2008)

Para os hiperativos, a dependência da internet possibilita um estimulo e uma maneira de focar a atenção com menor complexidade que exigem as atividades diárias e seus relacionamentos interpessoais. Para esses indivíduos a rede é uma opção que não evidencia tanto a incapacidade para organização, isso pode fazer com que a internet ganhe espaço. (ABREU, 2008)

Na personalidade esquiva ou esquizóide esse mundo virtual facilita a manifestação de comportamentos ou aspectos dessa personalidade “como o anonimato, a não-responsabilidade por aquilo que é dito, a possibilidade de mentir a respeito de características pessoais”, entre outros. Esse espaço não se apresenta de modo tão ameaçador ou revelador como no mundo real, não trazendo tanto desconforto, até mesmo facilitando todas essas características acima descritas. (ABREU, 2008)

A verdadeira relação entre dependência da internet e essas co-morbidades ainda não está bem definida. Podem-se encontrar casos onde esse abuso surge como manifestação secundária a uma patologia de base, devido a um empobrecimento na capacidade de se relacionar. Da mesma forma, encontra-se pacientes que, devido a esse comportamento abusivo, acabam desenvolvendo um prejuízo social e interpessoal, levando-o a desmoralização, desalento e ansiedade semelhantes àqueles presentes em quadros depressivos ou ansiosos. (ABREU, 2008)

 

 

8.1. Tratamento Psicoterápico

 

Sobre o tratamento psicoterápico para dependência da internet, o avanço nas descobertas, não é maior do que para a abordagem farmacológica. Encontra-se em fase muito prematura ainda, baseando-se na perspectiva de tentativa e erro. Como nos outros aspectos desse estudo, menciona-se a necessidade de estudos clínicos randomizados e controlados capazes de comprovar a eficácia das psicoterapias. (ABREU, 2008)

É importante explorar as características clínicas da dependência da Internet entre adolescentes para formar a base de estratégias preventivas e a intervenção. (KO, 2005)

Se for considerado o tratamento semelhante da OCD aos das ICDs, podemos considerar outras opções além do tratamento farmacológico (DELL’OSSO, 2006). A terapia comportamental é tão eficaz quanto a farmacoterapia no TOC, e alguns dados indicam que os efeitos benéficos são mais duradouros com a primeira. Por isso, vários clínicos consideram a terapia comportamental o tratamento de escolha para o transtorno. (KAPLAN, 2007)

Na ausência de estudos adequados sobre psicoterapia orientada para o insight, qualquer generalização válida sobre sua eficácia é difícil de se estabelecer, embora haja relatos de êxito. Da mesma forma, analistas e psiquiatras de orientação dinâmica têm observado melhora marcante em pacientes com TOC no curso de análise ou de psicoterapia prolongada visando ao insight. (KAPLAN, 2007) A terapia familiar no TOC costuma ser útil para apoiar a família, auxiliando a reduzir a discórdia conjugal resultante do transtorno e construindo uma aliança terapêutica para o bem do paciente. A terapia de grupo é benéfica como sistema de apoio para alguns pacientes. (KAPLAN, 2007)

Da mesma forma como na abordagem farmacológica, alguns terapeutas utilizam as técnicas empregadas para dependência de substâncias em geral. Para aqueles que entendem o fator central da dependência como “cognições mal-adaptativas” existe a terapia cognitiva-comportamental como possibilidade de tratamento.  Anexo 3 (ABREU, 2008)

Diversas são as possibilidades de abordagem junto ao paciente: psicoterapia individual, grupos de apoio, grupos psicoterapêuticos, programas de auto-ajuda e grupos de orientação para familiares. Como consenso entre as distintas técnicas psicoterapeuticas, encontra-se o objetivo central de ajudar o dependente a conquistar moderação e controle no uso da Internet. (ABREU, 2008)

 

 

8.2. Tratamento Farmacológico

 

A farmacoterapia dos quadros afetivos ou ansiosos co-mórbidos à dependência da internet é semelhante àquela praticada para o tratamento desses transtornos como quadros primários, e a falha em reconhecê-los e tratá-los adequadamente diminui muito o prognóstico de sucesso do tratamento do uso disfuncional da rede. Atualmente, o principal papel dos medicamentos na dependência de internet é o tratamento de transtornos psiquiátricos que, presentes como co-morbidades, predispõem, facilitam ou agravam o uso patológico da rede ou dificultam o tratamento desse quadro. (ABREU, 2008)

Em vista disso, alguns dos medicamentos utilizados para tratar transtornos depressivos e outros transtornos mentais, podem ser administrados em suas faixas habituais de dosagem. Os efeitos iniciais costumam ser observados após 4 a 6 semanas de tratamento, embora 8 a 16 semanas sejam necessárias para obter beneficio terapêutico máximo. (KAPLAN, 2007)

 A intervenção padrão é iniciar o tratamento com ISRS ou com clomipramina e, a seguir, mudar para outras estratégias farmacológicas se a primeira opção não for eficaz. (KAPLAN, 2007)

Dos ISRS os mais usados são fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina e sertralina. Embora os ISRS possam causar transtornos do sono, náuseas e diarréia, cefaléia, ansiedade e inquietação, esses efeitos adversos tendem a ser transitórios e geralmente menos perturbadores do que os efeitos adversos associados aos antidepressivos tricíclicos, como a clomipramina. Os melhores resultados clínicos ocorrem quando os ISRS são utilizados em combinação com terapia comportamental. (KAPLAN, 2007)

Se considerarmos essa dependência como um transtorno do controle dos impulsos, drogas mais recentes utilizadas com sucesso na modulação de comportamentos impulsivos, como o topiramato, podem se mostrar mais úteis. Lembra-se que essas hipóteses carecem de maior comprovação científica. (ABREU, 2008)

Além desses medicamentos, se o tratamento com clomipramina ou ISRS não é bem sucedido, vários terapeutas potencializam o primeiro medicamento pela adição de valproato, lítio ou carbamazepina. Outros agentes que podem ser tentados são a venlafaxina, o pindolol e os inibidores da monoaminoxidase, especialmente a fenelzina. Alternativas farmacológicas para o tratamento dos pacientes não-responsivos incluem buspirona, a 5-hidroxitriptamina, l-triptofano e o clonazepam. (KAPLAN, 2007)

 

 

 

 

 

 

 

9. CURSO CLÍNICO E PROGNÓSTICO

 

A história da internet é relativamente nova, tendo se tornado popular a cerca de dez anos, dessa forma, então, não se tem experiências de acompanhamento do curso clínico capaz de nos revelar o prognóstico dessa entidade. Parece que a dependência da rede, diferentemente dos outros transtornos de abuso, apresentam menos prejuízos, um curso mais lento de progressão do deterioro. Essa peculiaridade acaba fazendo com que a busca por ajuda seja já em um nível mais adiantado desse consumo. Devemos lembrar também que o uso da internet é um hábito mundial e que goza de um conceito positivo e muito útil, de certa forma, esse aspecto acaba atrasando a revelação ou a percepção de que um indivíduo esteja usando a mesma de forma abusiva. (ABREU, 2008)

Pessoas que apresentam dificuldades no mundo real, no controle de objetos como relacionamentos, sexo, jogo, compras ou trabalho, tendem a recorrer ao mundo virtual para essa realização. Outros, por sua vez, apresentam “descontrole de alguma atividade na qual a internet é um fim em si mesma, como navegar por sites, comunicadores instantâneos ou salas de bate-papo”. (ABREU, 2008)

Há dados de um estudo que apóiam a idéia de que alguns indivíduos têm uma mistura de características obsessivas relacionadas especificamente ao uso de computador e de internet e que não, surpreendentemente, exibem uma preferência para interações online do que para interações pessoais. (PRATARELLI, 1999)

A internet oferece muitos atrativos: jogo, sexo, salas de conversação. Um padrão não adaptado de uso da internet inclui o isolamento social e afastamento de atividades cotidianas. Na ausência de contato com o computador, são identificados sintomas de abstinência, como irritabilidade, agitação, nervosismo e agressividade. Como uma síndrome de dependência ao álcool, pode ocorrer tolerância com aumento do número de horas na rede e insucesso nas tentativas de controle no uso da internet. (FORLENZA, 2007)

As pessoas que fazem uso da internet compulsivamente tendem a fazê-lo em qualquer oportunidade. Os sintomas são os mesmos em quase todos os casos: as pessoas passam cada vez mais tempo diante da tela, não dão a devida atenção à família, aos amigos, à escola ou ao trabalho. (MORAES, 2005).

Young (1996) constatou que problemas sérios de relacionamento foram relatados por 53% dos dependentes da internet. Casamentos, namoros, relações entre pais e filhos e amizades próximas foram notadas como seriamente rompidas pelos "net binges" (farras na net). Os pacientes gradualmente dedicam menos tempo às pessoas de sua vida em troca de ficar sozinho em frente ao computador. (PRADO, 1998)

Young (1996) encontrou que 68 % dos estudantes reportaram um declínio nos hábitos de estudo, devido ao uso excessivo da internet. (PRADO, 1998)

O casamento parece que é o mais afetado pelas interferências do uso da internet, no que diz respeito às responsabilidades e obrigações de casa. As tarefas de casa são ignoradas, bem como atividades importantes como cuidar das crianças. (PRADO, 1998)

Os indivíduos podem formar relacionamentos on-line que com o passar do tempo irão se sobrepor ao tempo gasto com as pessoas reais. O cônjuge dependente irá se isolar socialmente deixando de ir com o parceiro a eventos que antes gostava para ficar em companhia dos companheiros on-line. A habilidade de levar a cabo relacionamentos on-line românticos e sexuais posteriormente irá deteriorar a estabilidade dos casais da vida real. (PRADO, 1998)

 

 

 

 

 

 

 

 

10. CONCLUSÃO

 

A desordem de adição à internet nada mais é do que um transtorno compulsivo impulsivo que acarreta o uso abusivo da mesma, gerando tolerância e sintomas de abstinência tais como: insônia, perda de interesse pelas relações pessoais, distúrbios do sono, problemas de alimentação, podendo trazer também alterações do humor (com a presença de depressão ou agitação) e problemas no trabalho ou escola. No entanto, esse prejuízo nem sempre é perceptível, às vezes se manifestam de forma muito sutil e, por isso mesmo, é difícil perceber. Afinal, são inúmeros os prejuízos de alguém que, por ficar infindáveis horas diante de um monitor de computador, perde a oportunidade de se relacionar com os amigos, com o parceiro, deixa de conversar com o filho sobre como foi o seu dia ou perde a oportunidade de assistir a um bom filme ou ler um livro.

Ainda que não se saiba, até ao momento e com certeza, se os problemas relacionados com a internet serão clinicamente significativos no futuro ou se serão irrelevantes, o que se tem constatado é que seu uso abusivo pode estar presente em diversas patologias psíquicas, ora aparecendo como condição secundária a essas patologias, ora constituindo-se numa condição primária. No primeiro caso teríamos a manifestação de alguns transtornos através da internet, como seria o caso da adição ao jogo e ao sexo; no segundo, como uma nova descrição psicopatológica de adição à internet.

Esta revisão conclui que o uso contínuo e persistente da internet pode ser desde saudável até patológico. O uso abusivo da rede está criando uma categoria de pessoas solitárias, que se refugiam na internet, perdendo o interesse pelos afazeres e prazeres do mundo real, desencadeando problemas de ordem conjugal, social, queda da produtividade no trabalho, além de problemas de ordem física. As pessoas não devem deixar de fazer uso da Internet, que é uma tecnologia recente que vem avançando por seu infinito número de informações. A verdade é que muitas pessoas não têm conseguido conviver de forma saudável com essa novidade que está mudando o mundo e o estilo de vida das pessoas. Contudo, para que o uso seja considerado benéfico, deve haver limites, ter em mente que esse prazer não deve comprometer o tempo, atividades sociais e familiares.

É necessário que se tome consciência deste grande problema que já existe, pois adição à internet é tão prejudicial quanto qualquer outro tipo de dependência. As pessoas estão cada vez mais tendo acesso a esta nova tecnologia, desenvolvendo medo do contato físico, dos próprios sentimentos, emoções e valores. Para que o individuo descubra o equilíbrio deve haver uma boa dose de autodisciplina e de autocontrole.

A abordagem terapêutica desse transtorno não deve visar como objetivo central suspender o uso da internet em indivíduos comprometidos, mas o de capacitar esse paciente ao uso racional, funcional e proveitoso desse meio de comunicação. Independente de qual abordagem de tratamento se escolha, o objetivo é tornar o paciente um ser independente com capacidade de desenvolver estratégias para conseguir lidar com o uso dos recursos virtuais.

 O fenômeno de adição à internet ainda é um campo aberto para a realização de novas pesquisas. Há muitas questões ainda a serem exploradas, como condutas de riscos nos chats (transmissão de dados pessoais que possam permitir a localização e o encontro “às cegas” com estranhos), a questão dos menores como protagonistas de condutas ilegais (downloads ilegais de filmes e músicas através das redes) e o acesso à rede em ciber-centros (há uma absoluta falta de controle e regulamentação destes locais relativamente à presença de menores).

 Espera-se que junto com o crescimento tecnológico se obtenha também uma evolução nas pesquisas sobre as condições clínicas e psicológicas dos usuários adictos, aprofundando o conhecimento, para que possamos não apenas usufruir das novidades tecnológicas, mas também de informações sobre os riscos que elas podem nos proporcionar.

 

 

 

 

 

Anexo 1 - Escala de Caracterização de Dependência de Internet da Young (MORAES, 2005)

1) Você se sente preocupado com a Internet (pensa sobre as suas conexões anteriores ou antecipa as suas próximas conexões)?

2) Você sente uma necessidade de usar a internet com crescentes períodos de tempo da conexão para poder atingir sua satisfação?

3) Você fez tentativas repetidas, sem sucesso, de controlar, diminuir ou parar de usar a internet?

4) Você se sente inquieto, mal-humorado, depressivo ou irritado quando tenta diminuir ou parar o seu uso da internet?

5) Você fica on-line mais tempo do que tinha planejado?

6) Você desafiou ou colocou em risco a perda de relacionamentos significantes, trabalho, escola ou oportunidades de carreira por causa da internet?

7) Você já mentiu para membros da família, terapeuta, ou outros para esconder a extensão de seu envolvimento com a internet?

8) Você usa a internet como uma forma de escapar de problemas ou para aliviar o mau humor (ex.: sentimento de solidão culpa ansiedade, depressão)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Anexo 2 – Entrevista de Preenchimento do Critério A de Diagnóstico de Ko Chih-Hung para a Dependência na Internet (YEN, 2007)

1. Preocupação

2. Impulso incontrolado

3. Uso mais do que intencionado

4. Tolerância

5. Retraimento

6. Diminuição do controle

7. Tempo excessivo

8. Esforço excessivo

9. Prejuízo na tomada de decisão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Anexo 3 - Intervenções Cognitivas (ABREU, 2008)

1. Reestruturação cognitiva relativa a aplicações do uso da rede;

2. Gerenciamento do tempo despendido on-line;

3. Estabelecimento de objetivos pessoais;

4. A ampliação da rede social fora do ambiente virtual;

5. Desenvolvimento da assertividade e das habilidades sociais.